quinta-feira, 5 de março de 2015

Por que as pessoas não memorizam o que foi dito numa palestra?

Do que foi que o palestrante falou? A palestra mal acabou e eu já não lembro mais o que foi dito!

Já aconteceu isso com você? Porque será que isso acontece?

Esse “esquecimento” pode ter várias causas:
- A palestra foi mal estruturada e abordou uma porção de assuntos, sem fazer a ligação entre eles, ou sem que eles tivessem alguma conexão, entre si;
- O palestrante não enfatizou os pontos principais, pontos chaves, de sua palestra;
- O material de apoio (Powerpoint) tinha uma enormidade de textos e o palestrante leu o tempo todo;
- O palestrante utilizou palavras que você não conhecia;
- O assunto não era do seu interesse;
- O palestrante não levou você a refletir sobre o assunto que estava abordando;
- A palestra foi encerrada com um: “Era isso que eu tinha a dizer. Obrigado”.

Vamos refletir sobre cada uma dessas razões?

- A estrutura da palestra:
Penso que já comentamos isso em postagem anterior, mas vamos retomar, porque é muito importante.
Ao preparar o roteiro da palestra, relacionamos os assuntos em ordem pedagógica, isto é, numa sequência lógica, começando do mais simples. Deixamos clara a relação de cada assunto com o seguinte. Caso não haja essa relação, finalizamos bem um assunto, fazendo uma breve conclusão, em que resumimos o que foi dito até ali. Só então passamos para o próximo assunto. Com isso, conseguimos que a abordagem não fique confusa.

- A ênfase nos pontos chaves:
Os pontos mais importantes da palestra, aquilo que precisa ficar claro para todos, deve ser repetido. Mas precisamos ter o cuidado de não tornar a palestra cansativa e chata. As repetições devem ser planejadas para usarmos abordagens diferentes.
Repetimos os pontos chaves, mas com palavras diferentes e por aspectos diferentes.

- Muito texto e leitura do material de apoio:
Esse é um problema muito comum. Talvez por insegurança ou por medo de esquecer-se de algo importante, muitos palestrantes preparam, no Powerpoit, slides carregados de texto. Durante a palestra, ficam de costas para o público, lendo o slide.
A memória, da grande maioria das pessoas, grava ideias, não palavras escritas. Quando a palestra inteira é constituída de palavras escritas, quase ninguém guarda nada. Provavelmente, muitos dormirão durante a apresentação, ou seus pensamentos irão viajar pelo infinito céu azul de suas boas lembranças, ou pelo céu cinza de suas preocupações. Abordaremos esse assunto mais a fundo, quando falarmos da preparação de material de apoio. Por ora, basta lembrar que “palestra” significa “bate-papo”, e não é momento de “leitura comunitária”.

- Palavras desconhecidas:
Já falamos disso em nossa postagem anterior: Cuidado com o ruído cultural. Precisamos utilizar palavras e expressões que o nosso público conheça. Se usarmos alguma palavra que talvez seja desconhecida, devemos esclarecer seu significado. Senão nossa palestra acaba se tornando “grego” para o público.

 - O ouvinte não tem interesse pelo assunto:
É verdade que esse ponto depende mais do ouvinte, que do palestrante. Entretanto, se o assunto for abordado adequadamente, poderá despertar o interesse.
Por exemplo: temos feito palestra nos chamados "Cursos de Noivos". No geral, alguns daqueles ouvintes, não estão na sala de boa vontade. Gostariam de estar namorando ou passeando, e não de estar ouvindo palestras num Sábado à tarde. 
Se o palestrante começar a falar de Doutrina da Igreja, seguramente não vai despertar o interesse. Ao invés disso, vai criar um ruído psicológico (lembra-se). Entretanto, se for bem humorado e se falar de vivência, comentando os problemas experimentados em sua vida, que estratégias usou para superá-los, estará falando de algo que é interessante para todos. O ouvinte passa a ver o palestrante como alguém igual a ele, que também tem problemas. A palestra se torna um “estudo de casos”. Isso, geralmente, desperta interesse.
Quando o ouvinte percebe que há algo de útil na palestra, deixa-se cativar e passa a prestar atenção. Quem presta atenção memoriza.
Depois que tivermos cativado o ouvinte, se fizer parte do roteiro falar sobre moral ou Doutrina da Igreja, falaremos e seremos ouvidos. O palestrante será um amigo, e os amigos podem falar de qualquer assunto!

- Faltam propostas de reflexão:
Se passarmos todo o tempo enumerando e discorrendo sobre as nossas verdades, tentando descarregar um caminhão de informações nas cabeças dos ouvintes, é provável que percamos nosso tempo. Mas então, o que fazer?
O melhor é usarmos os ganchos, como dissemos na última postagem. Intercalar interrogações, fazer perguntas que levem o público a refletir. Ajudar o ouvinte a construir o conhecimento. Lembrando: não transferimos conhecimento. Transmitimos ideias e informações, que o ouvinte vai assimilar e acomodar à sua bagagem de conhecimentos.

- “Era isso que eu tinha para apresentar”:
Não existe forma menos interessante de terminar uma fala.
Dá a impressão que o palestrante se desincumbiu de um fardo. A obrigação de ter aproveitado o conteúdo do que foi dito é do ouvinte. Fiz a minha parte, se você quiser saber mais: “se vire”!
Como pretendo voltar a esse assunto em postagem futura, não vou me estender sobre ele.

Na postagem de hoje, procuramos avaliar erros. Quando avaliamos erros, nos preparamos para não repeti-los. 
Desejo que você perceba a importância de preparar bem sua apresentação, para que ela seja agradável e fique na memória dos seus ouvintes.

Será que o que falamos até aqui foi claro? Está ajudando você, que me lê, a ter uma ideia do que deve buscar e o que deve evitar quando estiver preparando uma palestra, uma apresentação?

Espero que sim.

De qualquer forma, se houver dúvidas, pergunte nos comentários, abaixo ou envie-me um email – sergiopfsjc@gmail.com.

Se você gostou, compartilhe.


Grande abraço e até a próxima postagem. Fique com Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário